Historicamente, as pessoas com deficiência vêm sofrendo e enfrentando diversas formas de opressão e preconceito, hoje nomeados como capacitismo. O conceito de deficiência mudou com o tempo, desde interpretações religiosas até uma visão médica. Após a Segunda Guerra Mundial, o Modelo Social da Deficiência trouxe uma mudança na compreensão da deficiência, focando nas barreiras sociais em vez das limitações individuais. Mulheres com e sem deficiência ampliaram o debate nos anos 1990, abordando questões como espaço privado e ética do cuidado. Na área das artes, pessoas com deficiência foram marginalizadas, mas gradualmente começaram a reivindicar espaços e estéticas em seus trabalhos. Na dança contemporânea atual, a valorização da diversidade de corpos e a importância dos artistas com deficiência têm ganhado destaque.
Foi a partir deste contexto que surgiu a ideia da realização deste projeto que consistiu na realização de uma oficina de criação em dança inspirado nas obras de Tarsila do Amaral. Tarsila do Amaral, nascida em Capivari em 1886, foi uma influente artista do Modernismo brasileiro. Sua obra é reconhecida no Brasil e mundialmente. Vale ressaltar que, no final da vida, a artista se tornou uma pessoa com deficiência física devido a um erro médico. A oficina contemplou mulheres com e sem deficiência maiores de 14 anos.
O projeto teve a duração de seis meses e teve como objetivo democratizar o acesso à cultura, fortalecendo as discussões sobre deficiência e acessibilidade cultural. Os encontros semanais de duas horas contemplaram diferentes etapas do projeto, as quais serão descritas nos tópicos a seguir. Durante todo o projeto foram contempladas as medidas de acessibilidade arquitetônica, comunicacional e tecnológica.
Foto: Reprodução de Aula Aberta por Alexandre Turcheti
A palestra abordou a percepção estética e poética das obras de Tarsila do Amaral, analisando sua cronologia e contexto cultural em diálogo com a sua trajetória pessoal.
O método de Rudolf Laban embasou as aulas de criação em dança, explorando o espaço, tempo, peso e fluência, e o estudo do movimento através de jogos expressivos.
A aula aberta foi ministrada por um artista com deficiência da cena da dança contemporânea paulistana, abrindo diálogo com os participantes.
A pesquisa abordou artistas com deficiência na cidade e artistas com deficiência na dança residentes no Brasil, buscando suas memórias e experiências. Os encontros nesta etapa foram realizados virtualmente. Os resultados se encontram neste site.
O conteúdo do projeto foi documentado e exposto através de um site. Sua produção foi feita baseando-se nos principios de heurística de usabilidade e acessibilidade. O conteúdo deste projeto é de acesso público e totalmente acessível por 1 ano.